Transplantes de órgãos Os transplantes estão entre os procedimentos mais complexos da medicina. O Brasil tem o maior programa público do gênero do mundo, que paga 92% das 70 cirurgias realizadas todos os dias. Em outubro de 2009, o governo federal apresentou o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes – definindo novas regras para os procedimentos. Entenda como são feitos os transplantes e as novidades sobre o assunto no Brasil. 1. Quando foi realizado o primeiro transplante? O primeiro transplante de órgão bem-sucedido ocorreu em Boston, nos Estados Unidos, em 1954, quando um rim foi transferido do corpo de um homem para seu irmão gêmeo. À época, o volume de sangue perdido pelos pacientes devido ao procedimento impressionava até o mais frio dos cirurgiões. Atualmente, praticamente não há perda de sangue durante a cirurgia. Para se ter uma ideia, os primeiros transplantes de fígado duravam até 24 horas – prazo reduzido para cinco horas agora. Além disso, era preciso usar uma bomba de infusão rápida que injetava quase 20 litros de sangue no paciente no decorrer da cirurgia. 2. Quais órgãos ou tecidos já podem ser transplantados? Coração, rim, fígado, pulmão, pâncreas, intestino, córnea, medula óssea, pele, valva cardíaca, ossos e esclera ocular. Estima-se que um único doador seja capaz de salvar, ou melhorar a qualidade de vida, de pelo menos 25 pessoas – caso todos os seus órgão sejam doados. 3. Qualquer pessoa pode ser doadora? Sim, desde que ela não possua em seu histórico doenças que prejudiquem o funcionamento do órgão doado ou provoquem contaminação. Não há limite de idade para a doação. O Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes introduziu uma novidade no assunto: agora, portadores de doenças que antes impediam a doação agora podem doar órgãos para pessoas que sofrem da mesma enfermidade. 4. Quais doações podem ser feitas em vida? É possível doar em vida órgãos como fígado, medula óssea, pâncreas, rim e pulmão – em outros casos, é necessário que o doador tenha sido diagnosticado com morte encefálica. A lei autoriza a doação em vida ao cônjuge, aos familiares até o quarto grau ou mesmo a pessoas sem nenhum parentesco. Neste último caso, para evitar a venda de órgãos, é preciso autorização judicial, com base em um relatório médico e análise, pelo juiz, da motivação pessoal de quem se oferece como doador. Segundo o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes, o caso deverá passar também pelo crivo de uma comissão de ética formada por funcionários do hospital onde será realizado o procedimento, antes de seguir para análise judicial. Em qualquer hipótese, há avaliações clínicas da compatibilidade imunológica e de eventuais riscos. Normalmente, o candidato a doador tem de ser maior de idade, mas há exceções nos casos de doações a parentes autorizadas pelo responsável legal. 5. Como proceder para se tornar um doador depois da morte? Para que os órgãos de uma pessoa falecida sejam doados, é preciso que a família autorize a doação. Por isso, é importante deixar claro aos familiares o desejo de se tornar um doador, embora não seja necessário deixar nada por escrito. A decisão da família pode ser dada aos médicos, ao hospital ou à Central de Transplante mais próxima. 6. De que forma é escolhido o receptor? Nem o doador, nem a família podem escolher o receptor. Ele será sempre indicado pela Central de Transplantes, a não ser no caso de doação em vida. 7. Como funciona a fila de espera para transplantes? Mais de 70.000 pessoas no país esperam por um órgão. As listas são estipuladas por ordem cronológica ou em alguns casos, como o do fígado, pela gravidade da doença. Uma das principais mudanças no Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes é a prioridade que os pacientes menores de 18 anos passam a ter. A partir de agora, crianças e adolescentes ficam no topo da fila para receber órgãos de doadores da mesma faixa etária, e ganham o direito de se inscrever na lista para um transplante de rim antes de entrar na fase terminal da doença renal crônica e de ter indicação para diálise. No caso de o primeiro da fila ser incompatível com o doador, a prioridade passa para o segundo, e assim sucessivamente. Dependendo do órgão e do estado onde está o receptor, a espera pode durar mais de três anos, o que em muitos casos é sinônimo de morte. Há vinte anos, até 70% das pessoas à espera de um transplante de fígado, em todo o mundo, morriam antes ser atendidas. Hoje, esse índice fica em torno de 15%. Mesmo com o crescimento dos doadores, a demanda ainda é muito maior do que a oferta. 8. Por quanto tempo sobrevivem os órgãos e tecidos a serem transplantados? É necessário que haja rapidez para que o transplante tenha sucesso. O coração, o pâncreas e o pulmão, por exemplo, só sobrevivem por quatro horas entre a retirada e a doação. Por isso, o aconselhável é que as duas cirurgias ocorram simultaneamente. O fígado resiste até 24 horas fora do organismo. O rim pode esperar de 24 a 48 horas. Já a córnea pode permanecer até seis dias fora do organismo, desde que mantida em condições apropriadas de conservação. 9. Órgãos podem ser vendidos? Não. O comércio de órgãos é ilegal, e a punição pode chegar a oito anos de prisão. 10. Quem paga os procedimentos de doação? De cada 100 cirurgias do gênero, 92 são pagas pelo governo. A maioria dos planos privados de saúde não cobre esse tipo de tratamento, cujo custo pode variar entre menos de mil reais (transplante de córnea) a quase 60.000 reais (medula óssea). Com a nova regulamentação, o valor investido pelo governo deve aumentar, cobrindo outros procedimentos e incorporando novas ações. 11. Que riscos correm o receptor e o doador vivo? A rejeição continua a ser o grande desafio da medicina dos transplantes. A descoberta de imunossupressores mais precisos e potentes, nos anos 80, significou uma revolução, ao aumentar drasticamente a sobrevida dos operados. O índice de pacientes vivos um ano depois de um transplante de rim, por exemplo, saltou de 70% para quase 100%. Mas ainda se está longe do ideal. Tais remédios devem ser tomados por toda a vida e oferecem reações adversas severas. A solução pode vir dos estudos sobre imunorregulação. Os especialistas buscam um composto capaz de evitar a rejeição sem que seja necessário deprimir o sistema imune do paciente. Há também a aposta nas terapias com células-tronco, que colocaria fim ao problema da rejeição, uma vez que órgãos e tecidos criados em laboratório poderiam ser programados com a genética do paciente. 12. Onde encontrar mais informações confiáveis sobre o assunto? • Sistema Nacional de Transplantes: http://portal.saude.gov.br • Departamento de Informática do SUS, órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde: http://www.datasus.gov.br • Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos: http://www.adote.org.br • Associação Brasileira de Transplante de Órgãos: http://www.abto.org.br
Parabéns Aline...
ResponderExcluirFoi muita coragem passar por uma nefrectomia. Acompanhei seu processo de exames e sei que não é fácil passar por esse procedimento, que Deus ilumine vc e sua mãe.